Sucupira é aqui!

Queridos leitores, li, pasmo, nesta semana, em uma das páginas da Internet que por padrão são abertas quando navego na rede mundial de computadores, uma notícia que, somente pela manchete, causou-me estarrecimento, para não dizer vergonha. A vergonha tornou-se ainda mais profunda quando constatei que igual notícia, com iguais pitadas de ironia e sarcasmo, fora publicada em muitos outros sites. Foi um fato político notável, esse acontecido na semana passada em minha pobre Alagoas.

O referido fato noticiado me fez lembrar, de imediato, o genial Dias Gomes e sua obra prima “O Bem-Amado”. Para os mais jovens, que não tiveram o prazer de assistir a novela homônima exibida pela Globo, quando essa emissora verdadeiramente ainda exibia novelas, tenho que explicar que, na ficção (?) de Dias Gomes, a história girava em torno da fictícia cidade de Sucupira, uma cidade do sertão baiano, administrada pelo prefeito Odorico Paraguaçu, figura caricata de um político nordestino da época do chamado coronelismo.

Odorico, cuja única obra de sua gestão foi a construção de um cemitério, o qual nunca conseguia efetivamente inaugurar porque ninguém morria na cidade, a despeito de ele chegar até ao extremo de contratar os serviços do pistoleiro Zeca Diabo, imortalizado na estupenda montagem de interpretação de Lima Duarte, era o retrato mais atual da vergonhosa classe política alagoana: deu nome de seus parentes a quase todos as ruas, praças e monumentos de Sucupira, apenas para citar algumas de suas predileções. Era avenida fulano Paraguaçu, Praça Beltrana Paraguaçu, Coreto Ciclano Paraguaçu, e, por aí, vai.

O leitor pode estar se indagando: “mas a que notícia o articulista está se referindo que tanto o envergonhou? Afinal de contas, o que o Bem-Amado tem a ver com essa notícia?” Peço perdão, caro leitor, mas eu não vou contar. Mas vou contar uma história.

Mas posso contar um dos episódios que ainda habita em minhas recordações, a despeito dos mais de 35 anos da exibição da novela, a primeira transmitida em cores, porém que eu acompanhava dia-a-dia, ainda em preto e branco, na humilde televisão de minha casa (ou era da casa do vizinho?).

Afinal de contas metáforas servem para isso mesmo.

Refiro-me a um episódio que mostrava a eleição de Odorico Paraguaçu para a Academia Sucupirense de Letras, cuja “obra literária” que o alçara a tão garbosa honraria fora um discurso de improviso que proferira! Que obra literária fantástica!

Esse Dias Gomes era mesmo genial! E seus personagens de O BEM AMADO fizeram centenas de seguidores por esse Brasil afora! Porém, atrevo-me a fazer uma pequena correção em sua obra: a fictícia Sucupira não deveria ter sido na Bahia.

Sucupira é aqui em Alagoas!

Comentários

  1. Só mesmo sabendo a qual reportagem refere-se o tema, para então concluir-mos a mais pura realidade escrita!!! Meu caro Volney parabéns pelos temas escritos em seu blog.

    ResponderExcluir

Postar um comentário