SEXO, MACONHA, FAMA E OSTRACISMO


Não deve ser nada fácil lidar com a outra face da fama: o ostracismo. Quem nunca experimentou essa dramática oscilação na vida pessoal ou artística? Esse aspecto cruel dos ciclos da vida humana se apresenta ainda mais trágico e dramático com relação às celebridades do meio artístico contemporâneo.

Em tempos de escalada meteórica ao sucesso, a famosa máxima atribuída ao artista pop americano Andy Wahrol No futuro, todas as pessoas serão famosas durante quinze minutos...” nunca esteve tão próxima de uma comprovação científica!

Nunca foi tão fácil, ou melhor, nunca foi tão rápido poder se chegar ao topo do estrelato, dependendo, obviamente, de como você aproveita as oportunidades.

As oportunidades são únicas”, conta Amir Klink, referindo-se a um evento por si presenciado nos primeiros dias quando chegou naquela imensidão glacial, quase desértica, da Antártida, para onde viajou sozinho em um veleiro: Já ancorado na Antártica, ouvi ruídos que pareciam de fritura. Pensei: Será que até aqui existem chineses fritando pastéis? Eram cristais de água doce congelada que faziam aquele som quando entravam em contato com a água salgada. O efeito visual era belíssimo. Pensei em fotografar, mas falei pra mim mesmo - Calma, você terá muito tempo para isso... Nos 637 dias que seguiram o fenômeno não se repetiu.

As raríssimas oportunidades de fama e riqueza são como aquele fenômeno presenciado por Klink. Estão aí os instrumentos atuais que catapultam, em velocidade meteórica, ilustres desconhecidos ao cume e, às vezes, ao cúmulo da fama e da fortuna em pouco tempo.

Em nosso país, o altamente discutível, amado e odiado programa de tv Big Brother Brasil já criou dezenas de celebridades, na mesma velocidade em que as tornou esquecidas. No BBB a fila anda rápido, pois os eufemicamente chamados de “heróis” pelo outrora prestigiado repórter Pedro Bial (ele deve estar se lixando para a minha opinião sobre ele) logo tornam-se prisioneiros do ostracismo, ou ilustres desconhecidos, os “ex-BBB's”, salvo se mostrarem a bunda e os peitos geralmente siliconados nas revistas masculinas, e o “tanquinho” nas revistas dirigidas ao público gay masculino, no caso de alguns homens, ou agarrarem, como Amir Klink não fez na Antártida, as oportunidades únicas que se lhes apresentarem.

No time dos ex-famosos ou ex-celebridades temos conceituadas atrizes globais, cantores e chacretes que se submeteram a humilhantes provações para voltarem à fama, uns até virando atrizes e atores pornôs para, mais uma vez, subirem ao fugaz pódio da fama e serem focados pelas lente, flashes e holofotes que logo se apagam, pois há, também, uma enorme demanda de curiosidade do público pelo que é fora do comum, bizarro, violento, degradante ou vergonhoso!

A fila da fama anda mais rápido que a fila de namorados de celebridades! Aliás, hoje em dia é recomendável que as pessoas que pretendem se manter no foco da mídia tomem algumas precauções: por exemplo, deixe-se fotografar aos beijos ardentes com alguém que não é seu(sua) namorado(a), diga uma bobagem polêmica em uma entrevista, ou no Twitter ou no Facebook, do tipo: "estou pensando em soltar um pum!..."; "...estou soltando..." "...soltei!!...", dentre outras coisas, já que pendurar uma melancia no pescoço não mais chama tanta atenção!

Esta semana li uma reportagem em que a atriz Luana Piovani disse em uma entrevista: “Parei de fumar maconha prá gravidez”. Respeito, com alguma reserva, muito embora desaconselhe, quem opta por se drogar. Mas, você enxerga algum motivo plausível para uma pessoa pública dizer uma tolice dessa senão para que se torne manchete, e a figura se mantenha na mídia? Francamente! E você pensa que as revistas têm algum escrúpulo em publicar essa explícita apologia às drogas? Zero escrúpulo!

Vejam como isso funciona bem! De quem estamos falando aqui e agora? De Luana Piovani!!! Ela atingiu seu objetivo midiático! Fale mal, mas fale de mim. Não faz mal, quero mesmo assim, você faz cartaz pra mim, o despeito seu me põe no apogeu..., já dizia a canção homônima de Ataulfo Alves.

Quanto mais chocante, quanto mais polêmica a frase da celebridade, melhor! Vende mais, aparece mais, é mais lembrada, dando-lhe alguma sobrevida no noticiário e no show business.

Vera Fischer, outro dia retornou às capas de revistas por motivos nada glamourosos. Tem dois anos que não faço sexo, teria ela corajosamente dito. Nada glamouroso para quem foi uma das mulheres mais desejadas pelos homens nos anos 80! Mas voltou os olhos e ouvidos da curiosidade pública (na qual eu me incluo) para ela.

Já a frase eternizada pela personagem vivida por Greta Garbo no filme o Grande Hotel (1932), I want to be alone!”, parece ter tido o efeito contrário: a mídia nunca mais, até sua morte, deixou de querer desvendar sua aura de mistério, sua clausura, sua reserva e sua aversão às badalações e aos flashes dos papparazzi. Isso só a mitificou mais ainda.

Da mesma forma que o sucesso é passageiro, a juventude também o é. O problema é que quase sempre nos imaginamos aquele jovem cheio de vida, sem rugas, cheio de músculos e de hormônios que fomos até os 35/40 anos de idade!

Se você é famoso e tem esses atributos físicos da hora, no auge da fama não lhe faltam trabalhos, convites para festas badaladas, contratos, grana, namorados. Todo mundo quer te pegar e você se acha no direito de pegar todo mundo. Todos se lembram de você, falam sobre você, querem tocá-lo, tirar uma foto com você.

Você imagina como se processa a cabeça de alguém que, de uma hora para outra se vê absolutamente invisível, esquecida pelos fãs, pelos contratos, pelos amigos de ocasião, pela grana, pelos fotógrafos, pelos diretores e pelos programas de auditório que sempre souberam explorar sua popularidade na corrida pelos pontos de audiência e que se transformam em milhões de patrocínios? Se você não dá mais audiência, você entrou no mundo do ostracismo.

Tal qual uma gangorra ou uma roda gigante, a vida nos reserva momentos de ascensão e declínio, quer no aspecto físico, quer no aspecto social, artístico e profissional. Esses dois aspectos tão antagônicos do viver, em um dos quais o ego é superinflado pela dopamina liberada em seu cérebro pela sensação prazerosa da fama, dos holofotes e pelos aplausos, e o outro, em que a melancolia é a força motriz, resultam no fato de um estado deixar de existir à medida em que o outro reivindica sua chegada. A fama e o ostracismo precisam ocupar um só lugar e não dá para ser ao mesmo tempo!

Como um tsunami, a onda que nos trouxe poder, fama e riqueza, reivindica tudo quando de sua volta! Ter consciência disso é importante para nos prepararmos para o pior; é fazer uma espécie de poupança psicológica que evitará um fim de vida só de tristezas. Saber que somos transitórios, saber que a fama e o sucesso são efêmeros e são relativizados pelo tempo e pelo espaço, ajuda-nos a entender e aceitar o fenômeno social da fama e, melhor ainda, do ostracismo, e a conviver (apenas conviver) com as boas lembranças dos tempos em que você foi uma celebridade!

VOLNEY AMARAL

Comentários

  1. Olá Volney!Seu texto é excelente! Gostei da forma clara,e bem pontuada, bem argumentada, e que vai além do que se lê, nas atitudes, muitas vezes exdrúxulas dos famosos.É um preço alto que se paga para não cair no ostracismo. E a mídia é perversa: sabe trabalhar as vulnerabilidades do ego humano. Parabéns!!!! Tornei-me seguidora do seu blog!

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  2. Gostei muito do seu artigo sobre SEXO, MACONHA, FAMA E OSTRACISMO. Acredito que se compararmos com a nossa realidade, poderemos encontrar semelhanças de tais situações(guardadas as devidas proporções) em nossos colegas de trabalho, em pessoas da nossa sociedade, ou quem sabe em nós mesmos. Parabéns!!!!

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  3. Interessanteee... mas não sei como é esse tal de ostracismo... por enqt só ando no top of the top... best of the bests! :D hauhauha

    Brincadeiras à parte...Texto ótimo como sempre!

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  4. Olá Volney,o texto que acabo de ler prova que as pessoas não estão preparadas para a fase do pós sucesso...e isso independe da idade,como vc citou exemplos no texto de "cenas ridìculas" praticadas por artistas famosas, bonitas e de pouca idade...bom, parabéns pelo Blog...Ah,só aproveitando para tirar o chapéu a respeito do artigo CASEI DE NOVO,muito legal suas declarações...Bjs na Lu!

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  5. Que belo texto Volney!!!muito interessante,bem argumentado, defato tudo o que realmente acontece nos bastidores da "FAMA" pessoas que tem lá seus quinze minutos de fama por mostrarem o que outrora era proíbido! hoje essas mulheres frutas,bbb, paniquetes etc, são uma vergonha para nós como mulheres, mais infelizmente é a mídia do momento. Quanto a você cada novo artigo mais surpreendente, parabéns!! Ah vejo que não fui a única a amar o artigo CASEI DE NOVO,foi com ele que virei sua seguidora, como disse a Rosane tiro o chapeu para você.

    Parabéns e muito sucesso no seu blog querido, vejo que já tem muitos acessos!!!

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  6. Parabéns pelo texo,vi seu link no site do Eduardo SampaiO.
    Sua crítica é muito coerente e real.Obrigada.

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