O QUEIJO SUÍÇO BRASILEIRO

Percebi, nos últimos dias, a indignação dos brasileiros e, pasmem, da classe política e governamental brasileira, com as revelações acerca de espionagem que os americanos andaram (e andam) fazendo no Brasil (e no resto do mundo). Achei pueril o fato de nós mesmos ficarmos indignados com algo que é tão provável, tão indicativo, tão necessário para os americanos (obviamente não estamos justificando as motivações americanas - apenas comentando-as) .

O Brasil é país fronteiriço com, pelo menos, 8 dos mais importantes países da América do Sul. Só a existência da tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina), cheia de gente de bem, mas infestada, dentre eles, de contrabandistas, traficantes de drogas e armas, árabes-muçulmanos topam-tudo-por-Alá, já explicaria (mas não justificaria) para os americanos a necessidade de eventualmente burlar as normas de convivência internacional e as soberanias alheias.

Nossas fronteiras são um queijo suíço! Os contrabandistas, não raro, passam e voltam com drogas, armas, munição, explosivos, sem falar nos produtos xing-ling lindos e de péssima qualidade! Estamos muito atrasados em termos de segurança de fronteiras.

Por outro lado, as ferramentas tecnológicas de que dispomos hoje em dia (internet, Sistema operacional Windows - Microsoft, e da Apple, o Google e as redes sociais como o Facebook) são armas mais que óbvias de espionagem. E isso não é nenhuma novidade! Daí minha indignação com tanta indignação!

Poucos leem os contratos de licença de utilização dos softwares ou dos serviços, pagos ou gratuitos, nos quais os sistemas dizem "claramente" que podem compartilhar informações dos usuários com seus "parceiros" (sem especificar quais parceiros são esses). Ler um contrato extenso, com termos ininteligíveis e com disposições que não alcançamos em sua inteireza e complexidade é muito mais árduo de que clicar no "Li e e aceito os termos e condições de utilização...".

Para se ter uma ideia dessas relações viscerais entre o governo americano e as empresas de tecnologia de ponta, vejam esta página da web http://www.financetwitter.com/2011/02/obama-dinner-steve-jobs-mark-zuckerberg-are-vvip.html  (se não souberem ler inglês, cliquem com o botão direito do mouse sobre a página e escolham o item "traduzir para o português"). Abaixo um trecho da página:

The nine companies represented at the dinner have a combined worth of $938 billion and the list of the tech guests included:
  1. Steve Jobs, the C.E.O. of Apple;
  2. Eric Schmidt, the chairman and C.E.O. of Google;
  3. Mark Zuckerberg, the founder and C.E.O. of Facebook;
  4. Carol Bartz, president and C.E.O., Yahoo;
  5. John Chambers, C.E.O. and chairman, Cisco Systems;
  6. Dick Costolo, C.E.O., Twitter;
  7. Larry Ellison, co-founder and C.E.O., Oracle;
  8. Reed Hastings, C.E.O., NetFlix;
  9. John Hennessy, president of Stanford University;
  10. Art Levinson, chairman and former C.E.O., Genentech;
  11. Steve Westly, managing partner and founder, the Westly Group.

Mas, do que é que não vivem os que burlam as normas, senão das normas e instrumentos que são feitas apenas para os cidadãos de bem respeitarem? Veja o caso do estatuto do desarmamento: os cidadãos de bem são proibidos de ter ou portar uma arma a pretexto de sua defesa pessoal, de sua família e de seu patrimônio, sob pena de prisão, enquanto os bandidos trafegam livremente com suas pistolas ocultadas na cintura matando e roubando às escâncaras!

Outro dia, numa reportagem sobre violência (assaltos praticados por bandidos usando motocicletas e se escondendo atrás dos capacetes), o repórter chamou de idiota o vereador de uma cidade brasileira cujo projeto de lei previa a proibição de uso de capacete quando o motoqueiro descesse da moto. “Os bandidos não obedecem a lei do desarmamento, vão respeitar essa lei ridícula?”. Nosso legislador é realmente uma piada, quando não servem para conceder títulos de cidadão honorário ou dar nome de um cidadão, nem sempre digno de tal honraria, a uma rua, avenida, praça ou prédio!

Você entende, agora, porque tem se falado que os Estados Unidos iriam deixar de exigir vistos de entrada para brasileiros? Os pedidos de vistos servem para o país ter alguma noção de quem pretende ir ao país de destino e o que pretendem fazer lá! Tá explicado o porquê dessa iminente exclusão de exigência de visto prévio. Eles já sabem tudo sobre nós! E quem não deve não teme.

Como teria dito Pontes de Miranda: na ação declaratória não se constitui, nem se modifica, nem extingue um direito. O direito apenas se revela. 

VOLNEY AMARAL



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