AS URNAS DO PAU-FERRO

Meu pai, JOSÉ MOURA AMARAL foi candidato a vice-prefeito de Pão de Açúcar-AL na chapa encabeçada por JURANDIR GOMES em meados de 1965. Foi uma campanha moderna para aqueles tempos, exceto pelo sistema de votação e contagem dos votos, em comparação ao que temos hoje.

Imaginem que, já naquela época, a campanha tinha outdoor com o rosto dos dois candidatos estrategicamente exposto na marquise do cinema, tinha gingle na boca do povo

"Jurandir e Amaral, Jurandir e Amaral, vão vencer as eleições, pelo voto independente, pelo voto independente, dos sinceros corações..."

Minha terra sempre foi à frente de seu tempo!

Do outro lado da disputa tinha o candidato a prefeito Pascoal, cujos eleitores eram entusiasticamente puxados em carreatas e caminhadas, estas últimas tendo à frente Leonor, com o seu tradicional grito de guerra  "É Pascoá, é Pascoá, Pascoá, Pascoá!!!"

No dia da eleição, após a votação e abertas as urnas que apurariam o resultado, Pascoal estava na vantagem, e seus correligionários começaram a tirar sarro dos udenistas que torciam por Jurandir e Amaral, dizendo que só "as urnas do Pau-Ferro", um minúsculo distrito de Pão de Açúcar, que estavam a caminho, iriam fazer pender o prato da balança para o outro lado.

Mas "as urnas do Pau-Ferro", resultariam em que Pascoal seria o próximo prefeito eleito, para o júbilo de seus eleitores e para mais uma passeata comemorativa do povão liderado por Leonor e suas palavras de ordem: "É Pascoá, é Pascoá, Pascoá, Pascoá!!!".

E o gingle dos perdedores foi parar na boca dos eleitores de Pascoal:

"Jurandir e Amaral, Jurandir e Amaral JÁ PERDERAM AS ELEIÇÕES..."

Essa história ficou tão marcada em nossa família que ainda hoje usamos esse jargão "Quando as urnas do Pau-Ferro chegarem" para, por exemplo, enchermos-nos de esperança na virada do placar em favor de nosso time!

As vezes funciona, as vezes não! Naquele fatídico 7 x 1 contra a Alemanha da Copa do Mundo de 2014, por exemplo, não funcionou! Deu Pascoal, digo, deu Alemanha!

VOLNEY AMARAL