A SUPERNOVA



“...Lula-lá, brilha uma estrela, Lula-lá…!”

O gingle ressoava em todos os cantos do Brasil enchendo muitos de esperança, outros tantos de medo, outros de mero ceticismo… e anunciado um novo tempo na política brasileira. Um tempo sem corrupção, sem inflação, sem desemprego…
O partido era o PT. Sim, por que não? Por que não um partido formado pela maior massa homogênea de pessoas que existe em qualquer lugar – os trabalhadores, a verdadeira mola mestra de toda economia?
O PT era a única alternativa viável ainda não experimentada. O resto havia tido muito trabalho para combater o grande mal da inflação, mas o governo que o antecedeu, embora tivesse arrumada a casa em termos de economia, estava desgastado.
Aquele homem de origem simples, humilde, embora de gestos e palavras toscas, que liderava os sindicatos dos metalúrgicos no ABC paulista se transformara no cara que iria debelar tudo que havia de ruim na administração pública, nos partidos políticos. Iria acabar com a inflação e com a corrupção. Seus discursos eram como música para os ouvidos das massas, porque ele dizia exatamente o que as pessoas queriam ouvir.
Passaram a vesti-lo com ternos Armani, aparavam-lhe a barba e o cabelo e o treinavam para ser mais doce, mais calmo. A estrela agora era chamada pelo seu diminutivo associado a “paz e amor”.
A estrela reluziu, em princípio, mas começou a inflar, a inchar, a se igualar a tantos outros que combatera. Só que o povo não sabia do que acontecia nos bastidores. A estrela tornou-se soberba, orgulhosa, convencida de que não só era boa, era a melhor do mundo. Era encantadora de serpentes, de líderes mundiais, era “o cara”.
Passou a ser o ditador da política brasileira. Se quisesse, poderia ter eleito até um jumento, um cavalo para lhe suceder, mas preferiu Dilma. Paciência!
Um dia, uma luz se acendeu nos porões, nos bastidores obscuros e fétidos do poder exercido pela estrela, e seu brilho intenso revelou-se fugaz. Seu prestígio rapidamente decaiu. Sua capacidade de encantar, embora ainda latejante, passou a ser usada para incitar a violência, o ódio, o fogo, o quebra-quebra. O “paz e amor” deu lugar ao “burn, baby, burn!” Convocou seus exércitos, seus militantes.
A guerra convocada ainda nem começou, mas em pouco menos de um ano de investigações da Operação Lava a Jato, a imagem construída pela estrela brilhante se deteriorou e perdeu toda sua energia, subitamente perdeu seu combustível, seu brilho, estando neste momento incandescente apenas.
A estrela jamais foi uma estrela. Não passava de uma supernova!
VOLNEY AMARAL

Comentários

  1. Excelente texto.
    Lhe confesso que, na época, eu fazia parte do grupo entre os "outros tantos de medo".
    Mas espero que tudo isso sirva para o povo amadurecer e aprender.

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